A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu
no início da noite que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal
(STF), reveja sua decisão que determinou que a gravação de uma reunião,
realizada no dia 22 de abril, entre o presidente Jair Bolsonaro, o
vice-presidente, Hamilton Mourão, ministros e presidentes de bancos públicos seja
enviada à Corte em 72 horas.
Na petição, o advogado-geral da União,
José Levi do Amaral, argumenta que assuntos “sensíveis e reservados” do Estado
foram tratados na reunião.
“A União vem, respeitosamente, nos
autos do inquérito em epígrafe, diante do teor da decisão proferida por Vossa
Excelência, rogar seja avaliada a possibilidade de reconsiderar a entrega de
cópia de eventuais registros audiovisuais de reunião presidencial ocorrida no dia
22 de abril de 2020, pois nela foram tratados assuntos potencialmente sensíveis
e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”, disse
o AGU.
No despacho proferido na terça (5), o
ministro pediu a cópia da gravação à Secretaria-Geral e à Secretaria de
Comunicação da Presidência da República ao atender o pedido de diligência feito
pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito que apura as
declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro sobre
suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF). A reunião foi
citada por Moro em depoimento à PF na semana passada.
Desde a exoneração de Moro, o
presidente nega que tenha pedido para o então ministro interferir em
investigações da PF.
Aliados do presidente divergem sobre
quem esteve com o cartão de memórias da gravação, mas já afirmam que o vídeo
não captou o encontro por inteiro e que deverá ser entregue uma versão curta da
reunião ao Supremo.
À PF Moro afirmou que, no
encontro em questão, Bolsonaro pediu a substituição do diretor-geral da PF, do
superintendente da corporação no Rio, solicitou acesso a relatório de
inteligência e ameaçou demiti-lo caso ele não cedesse.
O chefe da assessoria especial da
Presidência da República, Célio Faria Júnior, nega que esteja com o vídeo e
afirmou, em nota enviada à reportagem, que não compete à sua área "o
registro de imagens de reuniões, tampouco o arquivo de eventuais registros".
"As reuniões realizadas na
Presidência da República são eventualmente gravadas pela Secretaria de
Comunicação da Presidência da República (Secom), com a única finalidade de
divulgar as imagens da agenda presidencial, na sua maioria registros curtos e
pontuais", afirmou.
O registro da reunião teria sido feito
pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que, segundo integrantes do Planalto,
grava imagens para serem utilizadas institucionalmente.
No caso específico da reunião do dia
22, pessoas ligadas a Bolsonaro dizem que o encontro não foi gravado do início
ao fim.
Procurada oficialmente para comentar o
assunto, a Secretaria de Comunicação respondeu que "o Planalto não
comentará" o tema.
Fonte: Fabio Massali, Agência Brasil,
Gauchazh.